Grêmio Cachoeira goleia Bandeirante com segundo tempo impecável e está na final

E aí, mô quirido!

Para que rodar o estado atrás de futebol se tem muita bola rolando aqui pela Ilha da Magia mesmo? Seguindo essa lógica, nesse final de semana O Cancheiro decidiu ficar aqui por Florianópolis e cobrir as semifinais da Primeira Divisão Municipal e uma rodada dupla pela Segunda Divisão. Abrindo os trabalhos, tomei o rumo ao sul da ilha, mais precisamente no Ribeirão da Ilha, para acompanhar o jogo de volta entre Bandeirante e Grêmio Cachoeira, que decidiria um dos finalistas – o outro seria conhecido ao mesmo tempo ali perto, no Campeche, entre Campinas e Triunfo. Na primeira partida, o Bandeirante surpreendeu o Grêmio e saiu com uma vitória por 1 a 0, lá na Cachoeira do Bom Jesus, o que lhe garantia uma baita vantagem para essa partida.

Grêmio entrou com tudo na busca de reverter o placar de 1 a 0 par ao Bandeirante, no jogo de ida. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Grêmio entrou com tudo na busca de reverter o placar de 1 a 0 par ao Bandeirante, no jogo de ida. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O Grêmio não é nenhuma novidade por acá, visto que estive no jogo que rendeu a classificação para essa semifinal, assim como o Estádio Fermínio Vieira, que foi palco do Bandeirante 1×1 Barrense, estreia d’O Cancheiro no universo do futebol amador de Florianópolis. Apesar de conhecer bem o caminho – que leva aos lugares mais deslumbrantes da Ilha, por sinal -, acabei me atrasando em função de achar o campo do Campinas, onde deixei o Matheus, do Desprovidos. Depois de algumas perdidas pelo Campeche, finalmente encontramos a cancha do auriverde e de lá corri para chegar a tempo no Ribeirão da Ilha.

Cheguei ao campo do outro auriverde, o Bandeirante, no exato momento que o time da casa comemorava um gol. Enquanto esperava o dono das chaves aparecer, saía mais um gol do Bandeirante. Meio desnorteado e tentando entender o que estava acontecendo, entrei no gramado e fui diretamente me informar sobre o que havia se passado até então. Eis que, para minha surpresa, já estava 2 a 1 para os mandantes. O primeiro gol, que eu não havia presenciado, foi marcado por Fábio, do Grêmio, aos 4 minutos. Segundo relatos, o tento que classificava os visitantes saiu de um chute cruzado do atacante, em que o goleirão João Vitor acabou deixando passar.

João Vitor buscando a bola dentro do gol, enquanto o Grêmio comemorava com a torcida, ao fundo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
João Vitor buscando a bola dentro do gol, enquanto o Grêmio comemorava com a torcida, ao fundo. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

A vantagem do Grêmio não durou muito. O gol de empate, ocorrido com 10 minutos de bola rolando, no exato momento em que eu deixava o carro e me dirigia ao campo, saiu dos pés de Messias, que viu o arqueiro André Nicolodi adiantado, indeciso se saía ou não, e bateu de cobertura. Agora a vantagem voltava para os mandantes. E, quatro minutos depois, ela se tornou maior ainda. Chico recebeu uma bola enfiada e apareceu na frente do goleiro André Nicolodi, que saiu todo atrapalhado com os pés, largando a bola nos pés de Juninho, que só teve o trabalho de empurrá-la para as redes.

Juninho, autor do primeiro gol, entrando de carrinho. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Juninho, autor do gol da virada, entrando de carrinho. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Já da lateral do gramado, depois dos três primeiros gols, vi um Grêmio nervoso, com destaque para o próprio André Nicolodi, após suas duas falhas. Custou um pouco para o atual campeão florianopolitano voltar a equilibrar as ações. Tal fato ocorreu mais por falta de iniciativa do Bandeirante, que recuou, do que do próprio Grêmio. A primeira boa chance de empatar veio em um petardo disparado por David, que explodiu no travessão. Logo depois, André ajeitou para Itauê vir de trás e bater colocado, encobrindo a meta defendida por João Vitor. O gol, enfim, saiu aos 37, em uma cobrança de escanteio a meia altura, onde Rosino surgiu para dividir com um zagueiro e escorar para as redes.

André Nicolodi fazendo uma plástica defesa. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
André Nicolodi fazendo uma plástica defesa. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Com o empate, a partida voltou a ficar aberta. No lance seguinte ao gol, o Bandeirante quase fez, também em uma cobrança de escanteio, mas Chico não teve a mesma felicidade e cabeceou para fora. No contra-ataque seguinte, David recebeu na ponta da área, puxou para dentro e quase fez um golaço. Faltando menos de cinco minutos para o fim, foi a vez dos goleiros se redimirem e começarem a se destacar. Messias puxou um baita contra-ataque, fez fila, adentrou a área adversária, cortou para dentro e bateu colocado, obrigando o goleiro André a praticar uma linda defesa em ponte. No lance seguinte, Carlinhos cruzou para o outro André, o atacante, cabecear no cantinho, mas João Vitor estava lá para catar, garantindo o resultado igual na primeira etapa.

Chico se adiantou em relação a marcação e quase completou para o gol. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Chico se adiantou em relação a marcação e quase completou para o gol. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Tão logo começou o segundo tempo, notou-se uma postura bem diferente do Grêmio. Agora era o time da Cachoeira que mandava no jogo, afinal precisava vencer para ir às finais. Logo aos 4, Fábio quase fez um golaço de bicicleta, mas a bola foi no meio do gol, sem problemas para o goleiro. Quatro minutos depois, Itauê encontrou Fábio, novamente, sozinho dentro da área, mas o atacante isolou. “Essa aí eu faria de letra”, resumiu um torcedor junto ao alambrado, com seu típico sotaque manezês. Os visitantes chegaram ao gol da virada antes dos 10 minutos, mas Rosino, que aproveitara rebote do goleiro João Vitor, estava claramente impedido.

Felipe Rosino completou para o gol, mas o bandeirinha já assinalava o impedimento. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Felipe Rosino completou para o gol, mas o bandeirinha já assinalava o impedimento. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
No segundo tempo só deu Grêmio. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
No segundo tempo só deu Grêmio. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O gol, de fato, saiu aos 16. Foi nesse minuto, também, que um jogador do Grêmio começou a se destacar, chamando o jogo para si e se tornando o maior responsável pela classificação: Vitor Cruz, ex-jogador profissional, com passagens na Europa, e que hoje se dedica à medicina, sem deixar de lado o futebol, é claro. O zagueiro, que atuou boa parte do jogo como lateral, bateu uma falta cruzada em direção à área, a bola passou de fininho pela frente de toda a zaga e do goleiro do Bandeirante e foi morrer dentro das redes. Em um primeiro momento, achei que o gol tinha sido do próprio Vitor, mas a bola foi desviada de cabeça por Rosino.

Felipe Rosino, do Grêmio, foi outro destaque da partida, anotando dois tentos para os visitantes. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Felipe Rosino, do Grêmio, foi outro destaque da partida, anotando dois tentos para os visitantes. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

Não seja por isso. Quatro minutos depois, ele, Vitor Cruz, soltou uma bomba de muito longe da área. Assim como fizera no comecinho da segunda etapa, parecia que a bola ia para bem além das traves. Entretanto, a pelota caprichosamente encontrou o cantinho da goleira adversária, após uma certa ajuda do irregular gramado.

Petardo de Vitor Cruz encontrou o cantinho da goleira de João Vitor. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Petardo de Vitor Cruz encontrou o cantinho da goleira de João Vitor. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

A partir do quarto gol, o Bandeirante se jogou ao ataque, deixando seu campo de defesa totalmente descoberto. Aproveitando a deixa e com o objetivo de matar a peleia, o Grêmio esteve muito próximo de marcar o quinto em três lances seguidos. No primeiro, Nenem recebeu sozinho dentro da área, escorou para Rafael, mas o chute saiu colocado nas mãos de João Vitor. Logo depois, Ziel avançou pela direita e bateu com força sobre o goleiro, que, com segurança, mandou a bola para escanteio. Por fim, Rafael levou perigo outra vez, em um chute que quase teve o morrinho artilheiro como aliado, mas, dessa vez, o arqueiro João Vitor tava ligado e garantiu mais uma grande defesa. Sim, já era para estar, no mínimo, uns 7 a 2, tamanha a superioridade do Grêmio na segunda etapa.

Vitor Cruz foi o grande destaque da segunda etapa e responsável direto pela classificação do Grêmio. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)
Vitor Cruz, com sua potente canhota, foi o grande destaque da segunda etapa e responsável direto pela classificação do Grêmio. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O Bandeirante, apesar da postura ofensiva, barrava na falta de qualidade nas finalizações e em uma tremenda falta de sorte. Parecia que o dia não era do time mandante e que, por mais que tentassem, quem sairia com a vaga seria o time do norte da ilha. Um lance que ilustra bem esse momento ocorreu aos 39, após uma intensa pressão do Bandeirante. Caio avançou pela direita e cruzou rasteiro, em direção à área, onde haviam dois atacantes e apenas um zagueiro. Um deles era Chico, que, quase em baixo da trave, deu um carrinho para alcançar a bola. A pelota, porém, passou e chegou ao seu companheiro Lipe, a um metro da linha, que só teve o trabalho de escorá-la. Entretanto, o próprio Chico ainda estava caído após a tentativa de finalização, praticamente dentro da goleira, e acabou barrando o gol da própria equipe. “Quando não é pra ser querido, não tem nada que se possa fazer”, lamentava um membro da comissão técnica do Bandeirante.

Torcida do Grêmio parecia que estava em casa. Os tradicionais e lamentáveis gritos de
Torcida do Grêmio parecia que estava em casa. Os tradicionais e lamentáveis gritos de “bixa” também foram escutados em cada tiro de meta do Bandeirante. (Foto: Lucas Gabriel Cardoso)

O lance abalou o time da casa. Na jogada seguinte, Nenem fez fila na defesa do Bandeirante e só foi interceptado com um carrinho, já na meia-lua. A falta foi cobrada com maestria por Vitor Cruz, fechando a tarde de gala do zagueiro/lateral do Grêmio e o placar atípico da peleia: 5 a 2 para os visitantes. O Bandeirante tentou um último suspiro com uma pressão no finalzinho, mas não haviam forças para mais nada.

Golaço de falta de Vitor Cruz (vídeo: Alex Benício):

Agora, o Grêmio Cachoeira busca o tricampeonato consecutivo, coroando uma excepcional fase vivida pelo clube do norte da ilha. Além disso, o tricolor já tem a vaga garantida na próxima Copa Interligas, da qual também é o atual campeão. O Campinas, após eliminar o Triunfo na outra semifinal (confira o relato no Desprovidos), será o adversário na decisão, reeditando a final do ano passado.

Mais fotos da semifinal:

O Cancheiro com certeza estará presente na tentativa de revanche do time do Campeche. Mas isso é papo para os dois próximos finais de semana. Por enquanto, o foco será a Segunda Divisão, com uma rodada dupla aqui pertinho, na Costeira, nesse domingo – isso, claro, se o tempo colaborar, visto que, enquanto escrevo esse relato, não para de cair água em Floripa.

Até logo!

Deixe um comentário